sexta-feira, 24 de abril de 2015

Momento Pipoca: Crónica (2012)


Há uns dias, fui ao shopping com a MJ e, na secção dos DVD, encontrei um filme a que assistira há bastante tempo: "Crónica" (título original: "Chronicle"). Lembrei-me do quanto esta obra me surpreendera da primeira vez que a vira e decidi trazer o disco comigo.

Em "Crónica", seguimos três rapazes que, durante uma festa, descobrem um buraco no solo onde se encontra um objeto nunca antes visto. Esta descoberta transforma os jovens, dando-lhes poderes telecinéticos . Ao longo da história, vemos o desenvolvimento destas habilidades, desde momentos mais simples, de brincadeira, até ao seu uso indevido e mortal.

O filme é apresentado como found footage (vídeos descobertos), bem ao género de "Cloverfield" e "Actividade Paranormal", o que poderia afetar a credibilidade na qualidade do filme. Contudo, "Crónica" transcende as convenções do género, desde as interpretações aos efeitos (bastante bons para um orçamento "reduzido", de 12 milhões de dólares). No entanto, esta escolha em contar a história como um documentário gravado pelo próprio protagonista limita o seu desenvolvimento. Nunca ficamos a saber o que é o tal objeto soterrado, por exemplo.

Os três atores trazem prestações fortes, onde se destaca Dane DeHaan ("Kill Your Darlings" e "O Fantástico Homem-Aranha 2"), como Andrew Detmer. DeHaan traz várias camadas a este rapaz tímido, sem amigos, violentado em casa e na escola, e com uma fúria crescente no seu interior. A ele, juntam-se as personagens de Michael B. Jordan (Steve Montgomery) e de Alex Russell (Matt Garetty).

"Crónica" é a estreia de Josh Trank no comando de uma longa-metragem. Antes disso, havia realizado alguns episódios para a série "The Kill Point". A sua realização é inteligente, quebrando os limites do found footage através de algumas ideias que inovam a forma como olhamos para o género (uma personagem usar a mente para levitar a câmara e obter planos mais grandiosos é uma delas). Sem dúvida que este filme pesou imenso quando a 20th Century Fox escolheu Trank para realizar o novo "Quarteto Fantástico", que estreia este verão.

Crónica
★★★★

sábado, 11 de abril de 2015

Momento Pipoca: Better Call Saul


Eis que chegou ao fim uma das séries mais aguardadas do ano. "Better Call Saul" (BCS) é um spin-off de "Breaking Bad" (BB), considerada uma das melhores histórias que alguma vez surgiram no pequeno ecrã.

A trama de BCS decorre seis anos antes dos eventos de BB. Aqui, seguimos o percurso de Saul Goodman, uma das mais conhecidas personagens da série original, desde que era conhecido como James McGill, um advogado à procura do seu rumo e com a vida dividida entre pequenos trabalhos no tribunal - que muito pouco rendem - e cuidar do seu irmão mais velho, Chuck.

A primeira temporada acompanha o caminho de James enquanto este, no decorrer dos episódios, se vai tornando mais confiante e perspicaz face ao mundo que o rodeia. Claro que tal não acontece sem momentos mais problemáticos, que envolvem gangues, subornos e a rivalidade com a Hamlin, Hamlin & McGill - uma grande sociedade de advogados, da qual Chuck é um dos principais membros.

Quem assistiu a BB sabe quem é Saul Goodman. Em BCS, assistimos, passo-a-passo, ao desmoronamento de McGill nesta nova identidade. Apesar da temporada não relatar todos os acontecimentos, já muito nos informa sobre o que realmente encaminhou James a adotar um rumo totalmente diferente. A melhor parte? Apesar do momento fulcral que destroça o advogado, é todo o conjunto de experiências de McGill que levam a uma mudança na sua atitude. Isto significa que todos os momentos são importantes. Saul Goodman não é o resultado de um momento, mas sim de vários.

A série não tem o mesmo tom de BB, cingindo-se mais ao humor negro. No entanto, isso não é negativo. Bem pelo contrário! Bob Odenkirk continua perfeito neste papel. É carismático, tem personalidade e sentido de humor. Se já era um prazer vê-lo no seu lado mais negro (como Saul Goodman), assistir à sua metamorfose - de alguém que quer seguir o caminho certo, para orgulhar o irmão, num ser cujo o "Eu" só importa - é delicioso.

Além de Odenkirk, regressa Jonathan Banks como Mike Ehrmantraut - outra grande personagem de BB. Apesar de já não ser nenhum "santo" no decorrer de "Better Call Saul", ficamos a conhecer melhor quem é Mike e como se transformou no grande solucionador de problemas da série original.

Em resumo, uma grande estreia para Saul a solo. No último episódio, James McGill tomou uma das decisões mais importantes no que toca ao seu futuro. Agora, espero ansiosamente pela segunda temporada, que estreia em 2016.

Better Call Saul

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Momento Clave de Sol: AZEITONAS - "Serviço Ocasional" (CD/DVD)

Quase um ano e meio depois do concerto no Coliseu do Porto, eis que "Serviço Ocasional" da banda portuguesa Azeitonas chega à paragem final. Ou melhor dizendo, às estantes para venda nas grandes superfícies comerciais.

O CD + DVD foi gravado ao vivo no concerto de 02 de Novembro de 2013, na sala mítica portuense e perante casa cheia, completamente esgotada.

Os Azeitonas - AZ formaram-se em 2002 e são atualmente constituídos por Marlon na voz, Nena nos coros, Miguel AJ (Araújo) na guitarra e Salsa no piano proporcionam aproximadamente 130 minutos de música portuguesa de qualidade e que fica no ouvido a cada compasso.

Em cima de palco, para além de banda principal, há um conjunto de músicos que tem notas, compassos e instrumentos no sangue. Desde um baterista incansável até um grupo de sopro cheio de energia e boa disposição, passando pelo baixista e pelo (maravilhoso) percussionista Megre Beça, cheio de sabedoria.

A banda arranca num "Pander" cheio de vivacidade e convida-nos a entrar no "Café Hollywood" para uma curta paragem. Dizem-nos que "Whatever, Tanto Faz" mas levam-nos até à infância e relembram-nos que "Nos Desenhos Animados (Nunca acaba mal)".

Caso haja alguma dúvida (e de nortenhos que são), obrigam o ouvinte/espetador a confirmar que "Lisboa Não é Hollywood" numa música cheia de power e, com uma interpretação incrível, perguntam se alguém quer ir com eles "ver os Aviões".

Mas, se não quiser ir, não faz mal. Não precisa de ficar "Tonto de Ti" e perguntar "Quem és tu Miúda". Sim, essa miúda que dança ao som de "Ray-Dee-Oh". A frase mágica para que isso aconteça é dizer "Dança Menina, Dança" enquanto acompanha a batida e abana o esqueleto. É impossível ficar parado.

Com a presença de convidados que se integraram no concerto de uma forma tão fluída que quase não se notava a sua presença, eis que - com a ajuda da Fanfarra Kaustika - surge uma reprodução única (que, provavelmente, não se tornará a repetir pela complexidade musical que envolve) de "Circo Zen". O hino da vida de um artista circense ou da vida de qualquer um de nós é o fecho de um concerto que, para quem esteve presente, teve tudo de especial e memorável.

Mas não há motivo para preocupações. Há sempre um "Na Na Na" para entoar na "Rua da Alegria" ou na Rua Passos Manuel quase até à Avenida dos Aliados, numa marcha liderada pela banda.

Feito o balanço, há que afirmar: a eternização deste concerto é importante para Os Azeitonas, que têm feito um sem grandes sobressaltos e com pouca divulgação inicialmente (quando comparada com outros artistas), e para os fãs, que mereciam um documento comprovativo da qualidade que o grupo possui.

Há boa música portuguesa, cantada em português. Os Azeitonas são exemplo disso e arrastam multidões. Conta também com um grupo de fãs (Os Azeitolas) que acompanha a banda, de Bragança até Faro, percorrendo muitos quilómetros para ouvir estas e outras músicas, como "Rubi", "Salão América", "Mulheres Nuas", entre outras. É caso para dizer que é de "Angelus".