sexta-feira, 8 de abril de 2016

Momento Pipoca: Beasts of No Nation (2015) e Diamante de Sangue (2006)

Na semana passada, eu e a Maria decidimos assistir a "Beasts of No Nation". Por coincidência do destino, ela vira "Diamante de Sangue" ("Blood Diamond") nesse mesmo dia. Ambos os títulos têm no continente africano e na guerra os seus pontos de concordância e retratam conflitos entre os governos grupos rebeldes, bem como a formação de crianças-soldado.

"Beasts of No Nation" (Cary Joji Fukunaga, Netflix)
★★★★★


Em "Beasts" seguimos Agu (Abraham Attah), um jovem rapaz de um país africano não nomeado, que perde a sua família durante um ataque. Conseguindo escapar, é encontrado por membros da NDF, uma fação extremista que está em confronto com o governo. A partir daqui, Agu é "apadrinhado" pelo Comandante (Idris Elba), o líder de um grupo de guerrilheiros da NDF, e treinado para se tornar um soldado na luta contra o regime implementado.

Durante a longa-metragem, assistimos à perda da inocência às mãos das barbaridades da guerra. Agu transforma-se: deixa de ser um menino que gosta de brincar e torna-se, segundo ele próprio, num monstro, que matou e viu matar; que foi abusado e assistiu a abusos. Aqui, a guerra é apenas o plano de fundo. O objetivo da história não passa por mostrar a violência, mas antes por acompanhar as transformações de um rapaz à medida que os horrores da guerra fazem parte do seu dia-a-dia.

No final, resta a esperança que Agu e outras crianças-soldado consigam reconstruir as suas almas e encontrar paz suficiente para voltarem a sorrir ao futuro, depois de um passado tão negro.


"Diamante de Sangue" (Edward Zwick)
★★★★★


Em 1999, a Serra Leoa está em clima de guerra civil. Pessoas assassinadas, mãos cortadas a sangue-frio e saques são a ordem do dia.

Forçosamente, Solomon Vandy, um pescador, separa-se da família durante um ataque à sua aldeia pela Frente Revolucionária Unida (RUF). Capturado, consegue escapar à mutilação e é enviado para trabalhar uma zona de exploração de diamantes.

Danny Archer é um mercenário/contrabandista que é apanhado a tentar passar diamantes pela fronteira da Serra Leoa com a Libéria. Enquanto está preso, fica a saber que Solomon (que também se encontra atrás das grades após o campo de exploração ser atacado pelo exército) descobriu um grande diamante rosa e o escondeu em algum local.

Danny convence Solomon a levá-lo à pedra e, em troca, promete ajudá-lo a encontrar a sua família Em conjunto com Maddy Bowen (Jennifer Connelly), uma jornalista americana, seguem pelo país em guerra. Pelo caminho, sabemos que o filho de Vandy é capturado pelos rebeldes e assistimos à lavagem cerebral feita, para o tornar num soldado.

Com um abordagem mais abrangente que "Beasts of No Nation", "Diamante de Sangue" envereda, numa primeira parte, pela exploração do conflito. Só depois da queda de Freetown (capital da Serra Leoa), é que o filme realmente se foca nas personagens, cada uma com posições diferentes sobre a guerra e a exploração por parte dos países "desenvolvidos".

Com grandes prestações de Leonardo DiCaprio e Djimon Hounsou, é uma obra para ver e colecionar.