segunda-feira, 25 de julho de 2011

Devaneio por MARIA JOÃO VIEIRA: Eu não sou...

15:23 Posted by Maria João*** No comments
Sei que não sou perfeita. Sei bem que estou muito longe disso. Mas todo o ser humano foi feito com imperfeições, defeitos, vícios, virtudes. A perfeição não faz sentido em seres que foram feitos para serem aperfeiçoados ao longo da vida. Como diria William Somerset Maugham, «A perfeição tem um grave defeito: tende a ser enfadonha», ou seja, até a perfeição tem incorrecções.
A ideia de Fernando Pessoa, resume tudo o que foi dito aqui até agora: «Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugná-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é o desumano, porque o humano é imperfeito.»
Nunca quis ser perfeita, até porque sei que não a posso alcançar. O mais que posso fazer é aproximar-me dela. Mas nem por isso deixo de por o máximo de mim em tudo o que faço.

Quanto ao que pensam de mim? Tenho defeitos, sim. Muitos diga-se. Mas gosto de pensar que os meus defeitos são uma forma de me diferenciar de todos os restantes habitantes deste planeta. Até posso acabar o dia com mau-feitio, mas acordo sempre com um sorriso, à espera de que o dia seja risonho e feliz, o mais possível. O meu abraço pode não ser o mais apertadinho, mas é sincero. Sempre. Posso não beijar bem, mas quando o faço é sentido. Posso não vestir bem, mas uso aquilo com que me sinto bem e confortável. Não tenho os dentes alinhadinhos nem uso aparelho, mas sei que um sorriso na hora certa conforta pessoas e move o mundo. Posso ser insegura, mas sei que é uma marca de mágoa do passado que ninguém apagará, por muito que o presente valha a pena. Posso até ser ciumenta, mas sempre ouvi dizer que quem gosta tem medo de perder. Posso não ter muito para dar (principalmente a ti, que ocupas o meu coração), mas sei que tenho o mais precioso de mim: um amor incondicional, verdadeiro, fiel e amigo, que poderia mover o mundo e ultrapassar barreiras.
Parece que a minha perfeição imperfeita não chega para ti. Fica-me, pelo menos, a satisfação da minha genuinidade que ninguém pode mudar e que vale por todas as falsidades deste mundo, onde cada vez mais se fazem as vontades aos outros ou em que as pessoas se tornam máquinas do que os outros querem que elas sejam.
Eu não sou um pacote de uma massa instantânea, em que se mistura leite ou água e vai ao forno, ficando igual a tantos outros produtos, que se adquirem num supermercado qualquer. Eu sou alguém, com sentimentos, mágoas, desejos, sonhos, virtudes e defeitos. Parte de ti escolheres os ingredientes que misturas. Convém serem os certos. O bolo pode crescer. Mas também pode ficar tão intragável que tens de deitar fora e esquecer que alguma vez o fizeste.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Momento Clave de Sol: INCUBUS - "I miss you"

22:47 Posted by Maria João*** No comments
To see you when I wake up
Is a gift I didn't think could be real.
To know that you feel the same as I do
Is a three-fold, Utopian dream.

You do something to me that I can't explain.
So would I be out of line if I said "I miss you"?

I see your picture.
I smell your skin on
The empty pillow next to mine.
You have only been gone ten days,
But already I'm wasting away.
I know I'll see you again
Whether far or soon.
But I need you to know that I care,
And I miss you.

(Incubus - I miss you)

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Devaneio por VLADIMIR MAIAKOVSKI

15:12 Posted by Maria João*** No comments
«Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceite, pode desconfiar-se que há falta de amor»

Quem o diz é Vladimir Maiakovski. Como o senhor está tão certo nas palavras que usa. Amar alguém é muito mais do que dizer 'sim' ou 'não' a todas as acções ou opiniões sem questionar. E não se tome questionar por discutir. Por desconfiar. Mas sim questionar no sentido de opinar, de dialogar. Não é por o outro ser a pessoa amada que não se pode questionar. É a pessoa amada, não é o ''senhor sabe-tudo'' ou o deus na terra.
Para mim, há muita gente que aceita tudo o que o outro diz ou faz, só porque acha que namorar e amar é fazer isso e porque tem medo de perder o outro. Mas mais do que perder o outro, há que ter consciência que por se amar não se pode perder o sentido crítico. Não nos podemos perder a nós mesmos.
Sinceramente, acho que quando criticamos ou chamamos o outro à atenção é porque lhe queremos bem, cada vez melhor. Se não gostássemos, nem nos preocuparíamos a perder tempo a chama-lo à razão. E chamar à razão por uma atitude ou expressão, não é mudar o outro à nossa imagem e semelhança. É apenas uma forma de contornar o lado crítico e defeituoso do ser humano.
Concordar em tudo é tomar uma atitude de descrédito e dormência. Discordar é mau feitio e ser do contra. Questionar o que não se aceita à partida é uma forma de investir nas relações humanas, principalmente no amor, que tão mal definido e sentido está.
Não poderia concordar mais com Vladimir: quem tudo aceitar e quem com tudo concordar tem falta de amor. Não só pelo outro. Mas principalmente por si mesmo. Só criando pontos de choque em atitudes e opiniões diferentes conhecemos realmente quem temos a nosso lado mas, sobretudo, dentro de nós. *

sábado, 16 de julho de 2011

Devaneio por MARIA JOÃO VIEIRA: Estavas comigo

16:47 Posted by Maria João*** No comments
Estavas comigo. Mas, por vezes, sentia-me mais sozinha do que contigo. Estavas lá? Nem dava conta. Segui o meu caminho. Parece que era ficar longe. De ti, de nós. De tudo o que tínhamos construído, com esforço e dedicação, com obstáculos, barreiras. Algumas duras, mas não inultrapassáveis. Uníamos as mãos e tudo parecia mais fácil.
Seguiu cada um o seu rumo, a sua estrada. Estrada essa que, para mim, parecia cada vez mais longa e deserta. Deserta de amor, carinho, compreensão. Compreensão essa que fui encontrando noutras palavras e noutros braços que não os teus.
A certa altura, senti que fazer desvios em cima de desvios, cruzando estradas e sentimentos que nunca conheci não era solução. Voltar para trás não era fácil, mas nunca esteve fora de questão. Recomeçar do zero não fazia sentido depois de todas as provas que demos aos outros e, mas sobretudo, a nós mesmos. Conhecer outro corpo e abraço que não teu não era justo para os meses que ficaram para trás e para o que se viveu neles.

Começou tudo a fazer mais sentido. As águas ficaram mais calmas e claras, comecei a ver contornos da outra margem. Mas a distância ainda era longa. A distância que me separava de terra firme, de ti. Como construção de legos, tudo parecia começar a encaixar, finalmente. Mas parece também que não era o suficiente. Em tempos foi. Mas parece que não chega. Falta mais. Claro que uma construção segura e resistente não se faz com dois pedaços de plástico. Não se faz com dois pedaços de mundo apenas, quando o planeta que nos rodeia é bem mais complexo do que pedaços de plástico que se encaixam... Mas há as duas peças mais importantes: tu e eu. Basta construirmos o que quisermos que seja o (nosso) mundo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011