«Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceite, pode desconfiar-se que há falta de amor»
Quem o diz é Vladimir Maiakovski. Como o senhor está tão certo nas palavras que usa. Amar alguém é muito mais do que dizer 'sim' ou 'não' a todas as acções ou opiniões sem questionar. E não se tome questionar por discutir. Por desconfiar. Mas sim questionar no sentido de opinar, de dialogar. Não é por o outro ser a pessoa amada que não se pode questionar. É a pessoa amada, não é o ''senhor sabe-tudo'' ou o deus na terra.
Para mim, há muita gente que aceita tudo o que o outro diz ou faz, só porque acha que namorar e amar é fazer isso e porque tem medo de perder o outro. Mas mais do que perder o outro, há que ter consciência que por se amar não se pode perder o sentido crítico. Não nos podemos perder a nós mesmos.
Sinceramente, acho que quando criticamos ou chamamos o outro à atenção é porque lhe queremos bem, cada vez melhor. Se não gostássemos, nem nos preocuparíamos a perder tempo a chama-lo à razão. E chamar à razão por uma atitude ou expressão, não é mudar o outro à nossa imagem e semelhança. É apenas uma forma de contornar o lado crítico e defeituoso do ser humano.
Concordar em tudo é tomar uma atitude de descrédito e dormência. Discordar é mau feitio e ser do contra. Questionar o que não se aceita à partida é uma forma de investir nas relações humanas, principalmente no amor, que tão mal definido e sentido está.
Não poderia concordar mais com Vladimir: quem tudo aceitar e quem com tudo concordar tem falta de amor. Não só pelo outro. Mas principalmente por si mesmo. Só criando pontos de choque em atitudes e opiniões diferentes conhecemos realmente quem temos a nosso lado mas, sobretudo, dentro de nós. *
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