sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Momento Pipoca: O Jogo da Imitação


O biopic continua a ser um género bastante acreditado entre os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. É comum encontramos algum filme deste género entre o lote de nomeados para o Óscar de Melhor Filme. Em 2015, são quatro (em oito)!

Em "O Jogo da Imitação" ("The Imitation Game") voltamos atrás no tempo, para a II Guerra Mundial. Nesta obra, seguimos Alan Turing, um génio cuja importância altera o rumo do conflito a favor do Reino Unido e seus aliados.

O argumento toma algumas liberdades criativas face aos reais acontecimentos que se passaram neste período de tempo. No entanto, isso não impede o filme de ser uma obra intensa e cativante durante toda a sua duração. Por baixo das tentativas de criar um método para descodificar o sistema de encriptação da máquina ENIGMA, usada pela Alemanha nazi, são as lutas pessoais dos protagonistas que dão um maior alento à história.

Benedict Cumberbatch é soberbo na pele de Turing. Começamos com alguém pouco sociável, às vezes insultuoso para aqueles que o rodeiam, e tremendamente confiante no seu génio. Ao longo do filme, Cumberbatch revela a verdadeira face do génio: um homem com dúvidas, medos e, afinal, um bom coração.

Do outro lado, assistimos ao regresso de Keira Knightley aos focos de atenção. Joan Clarke, colega de Turing, é um ponto de luta contra as convenções da época: uma mulher. com ideias firmes, que anseia por algo mais do que uma vida de dona de casa. Knightley traz a Clarke um caráter forte, decidido e moderno.

De notar que o ângulo da homossexualidade do protagonista é tratado de uma forma subtil, sem grandes excessos. O realizador, Morten Tyldum (nomeado para o Óscar), mostra um Reino Unido fechado a esta questão, com consequências dramáticas para Turing. E, aqui, coloca-se a questão: é justo que um homem, que tanto contribuiu para o seu país, sofra tanto pela intolerância sexual da sua pátria?

Apesar de seguir as tradicionais convenções do género biográfico, "O Jogo da Imitação" tem tudo para ser um ótimo filme: baseia-se numa história forte (apesar de triste), decorre numa época negra, conta com ótimas prestações (Cumberbatch é grande) e levanta grandes questões morais (tradição, feminismo, homossexualidade e intolerância).

Ainda não vi "Selma" mas, entre os restantes três biopics, "O Jogo da Imitação" é o melhor, em termos gerais. "A Teoria de Tudo" bate os restantes nas prestações de Eddie Redmayne e Felicity Jones, mas a história não tem um ritmo tão bom. "American Sniper" é, sinceramente, o pior filme do lote dos oito nomeados. Clint Eastwood já fez muito melhor.

O Jogo da Imitação
★★★★★

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