domingo, 22 de fevereiro de 2015

Momento Pipoca: Teoria de Tudo

00:13 Posted by Maria João*** , , , No comments

Assim como "O Jogo da Imitação" (crítica do Fábio Silva aqui), a obra "A Teoria de Tudo", de James Marsh, traz-nos a biografia de uma mente brilhante.

O filme decorre em torno do jovem astrofísico Stephen Hawking (interpretado por Eddie Redmayne) e de tudo aquilo que o envolve. Desde as descobertas importantes e que tornam Hawking como um dos nomes mais importantes nas ciências modernas, pelo seu romance com Jane Wide (e que trouxe descendência em fartura) até à descoberta e convivência com uma doença degenerativa - Esclerose Lateral Amiotrófica - que ainda não o atraiçoou (apesar da esperança de vida reduzida após o diagnóstico, aos 21 anos).

"A Teoria de Tudo" é uma das obras nomeadas aos Óscares. O resultado é um registo quase documental. E a receita tem tudo para ser de sucesso: tem como base uma história real (a película baseia-se no livro “Viagem ao Infinito”, escrito pela primeira esposa do cosmólogo britânico); o personagem principal retrata vários problemas/dificuldades e o filme concilia várias histórias em simultâneo, incluindo a luta de Hawking contra as suas próprias convicções e perante a doença e as adversidades que esta lhe traz, sempre com um grande toque de ateísmo e de humor.

O filme não faz abordagens ao ponto de discutir religião ou ciências e essa subtileza é um ponto favorável a James Marsh. Nota positiva também para a banda sonora e para a fotografia.

Eddie Redmayne está impecável no papel que desempenha. O ator adota não só a aparência como a postura e os jeitos do cientista. Consegue, com a redução de movimentos, concentrar toda a atuação no rosto (que transmite os sentimentos e as intenções nos grandes trechos de filme em que permanece mudo). A posição e a maneira como foram colocados os ombros durante as filmagens quase trouxeram dissabores (graves problemas de coluna) a Redmayne. Com todos os condimentos, será uma grande injustiça se o ator britânico não levar o Óscar de Melhor Ator pela intensidade e pela atuação.

Não podemos terminar sem falar de Felicity Jones (que interpreta o papel de Jane Hawking). A atriz - que participou em "O Espetacular Homem-Aranha 2" - é a estudante de Letras com quem Stephen casa e que o acompanha ao longo da doença. Apesar de aguentar firme ao sofrer com as limitações da doença do marido (e que abafam a força inicial com que aborda o casamento), Jane atravessa, no final, uma fase de cansaço decorrente dos cuidados ao marido e da sua ausência enquanto mulher mas presença enquanto mãe e esposa.

Uma curiosidade: Stephen Hawking emprestou a sua própria cadeira de rodas para a gravação do filme e ainda visitou o set de filmagens, demonstrando apoio e aprovação.

Uma nota negativa: o filme centra-se demasiado no romance entre Stephen e Jane. Apesar de não se transformar num drama lamechas, poderia ter sido dada mais atenção ao percurso académico de Hawking.

CLASSIFICAÇÃO:
The Theory of Everything
★★★★★

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